Falar de cultura e educação sem as
reconhecê-las dentro de uma perspectiva histórica é impossível até
mesmo porque é dentro dessa ciência humana que todas as outras se encontram.
Sem a História só haveria a pré-história e nessa condição anterior a História
não se fazia ciência dentro dos padrões e exegese epistemológica que se exige
às ciências. Então a partir do momento em que o homem chega até a História, a
linguagem passa a existir dentro de materiais imprescindíveis á divulgação e
guarda dos conhecimentos, por isso a invenção, ou descoberta da escrita é até
hoje a coisa mais importante fora e depois do ser. Assim é dentro desse
panorama que se desenvolvem a cultura e a educação. Uso esse termo desenvolver,
tomando como “verdade” que ambas existiam mesmo antes da História;
entendendo-as como indissociáveis e como um conjunto de comportamentos
coletivos e individuais que se aperfeiçoaram no decorrer dos tempos até os dias
atuais, e que de alguma maneira terão outras formas no futuro.
A cultura individual é tida
atualmente como status intelectual para uma ascensão social. Nos moldes atuais
de sociedade uma das formas de se chegar a alta-cultura é através da educação
escolar. Veiga-Neto, em uma publicação da revista brasileira de educação diz
que existe um atrelamento da pedagogia e da escola moderna à própria invenção
do conceito de cultura. Para ele isso
pode ser um problema para as mudanças sociais e educacionais que possam ser
necessárias.
Mudar a cultura não é nada fácil, nem
para os grandes pensadores, que tiveram uma influência considerável, mas que se
conseguiram mudar algo na cultura tenha sido quiçá sem pretensão. Ou para os
fundamentalistas e ditadores, ou mesmos os religiosos com a utilização da força
militar ou alienações fanáticas. Parece ser mais fácil influenciar na cultura
pelo viés educacional, visto que educação
é vista de modo genérico pela
maioria dos seres politizados como fundamental para o seu desenvolvimento, e na
sociedade podemos encontrá-la como dever
do Estado e sentimento de obrigatoriedade por parte de cada cidadão em cursar
os vários estágios do ensino.
Historicamente, podemos ver que desde
os sofistas e os filósofos há uma constante busca pelo conhecimento (auto-educação),
como se o ser necessitasse disso para encontrar razão de viver. Os
construtivista-mecanicista da atualidade se contrapõem ao modo de busca do
conhecimento desses antigos, pois eles buscavam um espécie de verdade e estes
buscam uma espécie de produtividade. Kant a respeito disso diz o seguinte:
“A
civilidade... Ela representava a substituição da espontaneidade pela contenção
dos afetos. Por outro lado, a Cultura era entendida como um conjunto de
produções e representações que eram da ordem dos saberes, da sensibilidadee do
espírito. Assim, assumindo tranqüilamente um entendimento generalizante,
essencialista e abstrato sobre o indivíduo e a sociedade, a educação
escolarizada foi logo colocada a serviço de uma Modernidade que deveria se
tornar a mais homogênea e a menos ambivalente possível.”
A escola atual responsável pela
educação e pela instrução científica tem um papel muito importante na história
da humanidade, contudo, cabe dizer que ela tem sido usada como manobra de massa
para moldas os cidadãos das grandes massas ao desejo das elites sociais numa
democracia deturpada e decadente, cheia de incoerções e corrupções dos títulos
públicos, que representam o valor do trabalho adquirido pelo conhecimento e as
práticas na construção social subjetiva e objetiva. Desse modo, segundo Kant, a
cultura está no mundo como um ideal metafísico situado em outro ambiente e não
no mundo real, como se estivesse sido transposta. E o que dizer então de tudo o
que a humanidade construiu? Os automóveis, por exemplo, já não é uma cultura ir
trabalhar de carro ou de ônibus; viajar para Inglaterra de avião.
Deste ponto por diante agora nos cabe
uma nova discussão que não está somente nas práticas como forma de cultura e
resultado da educação, mas nos elementos físicos como resultado das práticas,
pois eles também de alguma forma ditam regras de comportamento para o ser
humano. Como conceituar cultura e educação dentro da História sem que ambas não
se consubstaciem dentro dessa amálgama que constitui o homem e o mundo a sua
volta.
Lucas Anderson
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